TROFÉU PERSONALIDADE DESTAQUE FERNANDO PESSOA
JAIRO KLEIN COM A DIRETORIA DO INSTITUTO CULTURAL PORTUGUÊS E PRÊMIADOS.
Poema em linha reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,Indesculpavelmente sujo,Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,Que tenho sofrido enxovalhos e calado,Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachadoPara fora da possibilidade do soco;Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?Poderão as mulheres não os terem amado,Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?Eu, que venho sido vil, literalmente vil,Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos
Nascido em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888, Fernando Pessoa perdeu o pai aos cinco anos de idade.
Em 1896, a família se transfere, levada pelo segundo marido de sua mãe, para a cidade de Durban, na África do Sul. Lá, cursa o secundário, cedo revelando seu pendor para a literatura. Em 1903, ingressa na Universidade do Cabo.
HETERÔNIMO
"Quanto mais eu sinta,
quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente
sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento, Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora."
UMA NOITE COM CAPITU
reportagem 06/03
site
http://www.overmundo.com.br/O escritor Machado de Assis, criador de uma das personagens femininas mais instigantes da literatura, será homenageado no dia 6 de março de 2008 no retorno de uma das iniciativas culturais mais bem sucedidas de 2007 em Porto alegre: os encontros temáticos da cultura, conduzidos por Margarete Moraes, primeira mulher a presidir a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, circunstância em que, por substituição temporária, também tornou-se a primeira mulher prefeita da capital.Em 2007, Frida Kahlo, Fernando Pessoa, Lupicinio Rodrigues e Lila Ripoll ocuparam cenários diferenciados, como o Restaurante Birra & Pasta, o Odomodê e o Instituto Cultural Português. No próximo dia 06 de março, no Birra & Pasta novamente, “Uma Noite com Capitu”, será consagrada a Machado de Assis (1839-1908), fundador da Academia Brasileira de Letras e um dos maiores nomes da literatura mundial. O evento reunirá poesia, música, arte e gastronomia em um mesmo ambiente.Contará com as presenças da cantora Elinka Matusiak e do violoncelista Tiago Kreutzer, que ilustrarão musicalmente a noite, e do ator Jairo Klein, personificando Machado de Assis. O artista plástico André Venzon assina a ambientação cenográfica, apresentando uma obra inédita em homenagem às mulheres, destaque na obra machadiana.
"O poeta é um fingidor.Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm."